No último dia 09 de agosto, o Colégio Santo André, em parceria com o Instituto Terra (Aimorés/ MG), ofereceu uma série de palestras sobre Educação Ambiental e Restauração Ecossistêmica com a Prof.ª Gladys T. Nunes Pinto, Diretora de Projetos de Educação Ambiental do Instituto. A profissional tem 25 anos de experiência na área, dos quais 15 anos são dedicados ao projeto idealizado pelo mundialmente reconhecido fotógrafo, Sebastião Salgado, e por sua esposa, Lélia Wanick Salgado, há 20 anos.
Foi a primeira vez que o Instituto Terra esteve na nossa região e a representante da ONG se revelou impressionada com a área verde de que o Colégio Santo André dispõe, ressaltando que se trata de um marco de preocupação ambiental e um espaço privilegiado para ações de educação voltadas para a consciência sobre o meio ambiente.
Num primeiro momento, Gladys Nunes dirigiu-se especialmente às turmas do 5º e 6º anos do Ensino Fundamental. Muito à vontade entre os pequenos, ela falou sobre os Biomas, com ênfase na Mata Atlântica, explicou-lhes o que é uma ONG e quais os propósitos do Instituto Terra, mostrou-lhes dezenas de fotos para exemplificar o que são ações de restauração e de preservação ambiental. Muito atentos e curiosos, os alunos fizeram várias perguntas, principalmente sobre os recursos financeiros e sobre os animais que voltaram a habitar a região de Aimorés, sede do Instituto, depois da recuperação da Mata Atlântica local, devastada por anos de mineração intensa, criação extensiva de gado e falta de saneamento básico. O destaque ficou por conta do Papagaio Chauá, que encantou o público com a exuberância de suas cores.
(Papagaio Chauá, que voltou a viver na região de Aimorés, no Vale do Rio Doce, em área de Mata Atlântica restaurada pelo Instituto Terra)
Gladys Nunes também fez uma fala dirigida aos nossos alunos do 8º e do 9º ano do Ensino Fundamental destacando, além dos tópicos tratados com os alunos menores, a grandiosa obra de Sebastião Salgado. Os alunos haviam feito, em sala de aula, no semestre passado, um trabalho de pesquisa, compreensão e prática fotográfica a partir do documentário “Sal da Terra” (2007), vencedor do Prêmio Cesar (França, 2015) e indicado a melhor documentário (EUA, 2015), e do livro “Gênesis” (2013). A convidada também apresentou aos nossos alunos o Projeto Terrinha, que desde 2005 forma monitores ambientais mirins a partir de uma vivência cheia de aprendizagens dentro do Instituto Terra. Esse projeto já foi selecionado pela UNESCO duas vezes como modelo de educação ambiental e muitos de nossos alunos se animaram com a ideia, em especial depois de ver fotos das atividades.
(Alunos do Projeto Terrinhas, aprendendo sobre o cultivo de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica usadas nas ações do Instituto Terra)
Os alunos da 1ª e da 2ª séries do Ensino Médio também tiveram um momento para aprender com Gladys Nunes sobre Biomas, restauração e preservação da Mata Atlântica, atuação do Instituto Terra e a obra artística de seu fundador. Mas o enfoque da educadora foi o desastre de Mariana, ocorrido em novembro de 2015, com o rompimento da barragem de rejeitos da Samarco. Ela explicou-lhes sobre o plano de ação de restauro do Vale do Rio Doce e sobre o papel de setores da sociedade. O destaque foi a preocupação manifestada pelos alunos com dificuldades e ameaças à execução dos trabalhos do Instituto Terra, ao que Gladys respondeu afirmando que a ONG tem muita idoneidade e prestígio entre os moradores da região e entre empresários e setores governamentais, com quem faz parcerias e contratos. Por fim, Gladys chamou a atenção dos alunos para o tema da Campanha da Fraternidade e para a importância do cuidado da nossa casa comum, recorrendo às palavras do Papa Francisco.
(Imagem de satélite do Google Earth de 2017, em que se vê a localização do Instituto Terra e a proximidade entre o município de Aimorés e o Rio Doce, atingido pela lama contaminada por metais pesados em 2015)
Para encerrar o dia dedicado à educação ambiental e à formação continuada do nosso corpo docente, Gladys Nunes falou especialmente aos alunos da 3ª série do Ensino Médio, aos professores e à equipe estendida de direção de todo o Colégio Santo André sobre Restauração de Ecossistemas, com foco na Mata Atlântica a partir do protagonismo do Instituto Terra em parceria com a Fundação Renova nos trabalhos de recuperação do Vale do Rio Doce. O projeto tem duração mínima de 10 anos e prevê a recuperação de 500 nascentes por ano, destacando-se que um primeiro lote de 511 nascentes do Rio Doce já foi entregue pelo Instituto. Os alunos participaram atentamente e fizeram vários questionamentos ao final da apresentação: sobre os detalhes do desastre, sobre as ações mitigadoras, sobre o que ainda deve ser feito, sobre a situação da tribo indígena atingida (Krenak) e sobre o Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica. O curso forma técnicos em restauração de Mata Atlântica e de nascentes, é oferecido pelo Instituto em regime de internato, gratuitamente e já formou cerca de 240 profissionais. Também estiveram presentes representantes da Prefeitura Municipal e da UNESP de São José do Rio Preto.
Esta foi mais uma ação do Colégio Santo André no âmbito do Projeto Coletivo 2017 “A vida nos conecta”, baseado na Campanha da Fraternidade da CNBB de 2017 “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, cujo lema é “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15)”. A partir de um conjunto de eventos e de práticas diárias, o Colégio pretende contribuir para a formação humana e intelectual de nossos alunos e de nossa comunidade em direção a um cuidado maior com o meio de que fazemos parte.